Ora... como estou bem disposta... hoje há prenda (ou até se calhar nem é grande prenda e tenho-me em demasiada conta!).
Aqui fica ao sétimo capitulo da bendita fanfic.
Mais uma vez muito obrigada a todas. Agrada-me que estejam a gostar!
Fighting!
Now... vocês fiquem a ler... que eu vou-me dedicar a acabar o 11º capitulo! Tou morta por me lançar ao 12º Muahaha! Há pois!
By the way... eu avisei q os capítulos iam ser grandes como tudo! Este é BUES de grande!
_________________________________________________________________________________"To fear love is to fear life, and those who fear life are already three parts dead."
Bertrand Russell
Capitulo 7
Psicoses com o "Mete Nojo"
Lei da Casualidade:
Para tudo o que acontece existe sempre uma causa e é produzido um efeito.
Principais manifestações:
- Nada é aleatório e não existem acasos
- Um efeito desencadeado numa vida pode transitar para outra ou outras, independentemente da causa que o provocou.
- Os efeitos manter-se-ão enquanto as causas não forem eliminadas ou transmutadas
- Apenas se consegue actuar eficazmente sobre os efeitos se houver acesso às suas causas.Estavam todos a olhar Ahri estupefactos. Isso pareceu irrita-la ainda mais. Heechul sorriu e falou em inglês: – Calma, nós não mordemos.
– Mas eu posso muito bem faze-lo, pelo menos aparentemente pelas vossas caras. – respondeu ela soltando uma gargalhada que fez Yunho olha-la surpreendido. Era a primeira vez que a ouvia rir e de algum modo suou estranho comparado com a ideia que formulara dela até ali.
– Wah! Afinal também ris! – observou Jae juntando-se a eles.
Ela ficou com ar carrancudo: – Dizendo isso assim até parece que eu estou sempre de mau humor.
– Desde que chegamos que é apenas essa a faceta que lhes mostras. Como queres que pensem outra coisa se ainda não mostras-te a tua verdadeira personalidade? – perguntou Lili com um sorriso manhoso.
– Yah! Citando a Nayo: Começa a por a cabeça no gelo! – observou Bony.
– Eu digo-vos onde vos enfio a cabeça se não se calam já! – ripostou não lhe agradando a ideia de estar a mostrar uma dualidade de personalidades. Que raio lhes dera para dizer aquilo ali? Uma coisa era a Ahri que elas conheciam, outra bem diferente era a imagem que dava dela. Não queria de todo que eles conhecessem quem ela realmente era. Pensassem o que quisessem, odiassem-na se tal fosse a solução, apenas se recusava a que a sua vida ficasse ainda mais estranha.
Yunho abanou a cabeça, a miúda era realmente impossível: – Estavam a minha procura?
– Sim. – respondeu Leeteuk – A SM disse-nos que vamos filmar um drama com vocês.
Lili e Ahri olharam-se e riram. Não explicaram porque deixando os rapazes a olha-las sem perceber enquanto Bony se juntava a elas a rir.
– Muita gente no vosso site? – perguntou Yunho quando os outros os voltaram a deixar sós para dar bolo aos três novos convidados.
– Alguns. – respondeu ela sem lhe prestar muita atenção.
– Só tem em português? – perguntou ele.
Ela levantou uma sobrancelha de desconfiança: – Fazes tenção de o visitar?
Ele sorriu: – Para pedir a receita do bolo.
– Num site de DBSK? Posso dar-te já a receita se é isso que te apoquenta.
– Tu és mesmo bravia não és?
Ela fez o seu tão característico meio sorriso de ironia: – Chegas-te a essa conclusão sozinho ou precisas-te de ajuda?
Ele ficou serio: – Evitas de ser tão irónica. Podias ser mais...
– Easy going? Desculpa desapontar-te mas sou bastante temperamental. – observou ela.
– Podias ser mais humilde. – corrigiu ele
– Não gosto que me julguem pela aparência. – disse ela em resposta continuando a trabalhar no computador.
Ele cruzou os braços em frente ao peito e fez uma cara de miúdo a quem estavam a dizer que não podia mais brincar com o seu brinquedo preferido: – Eu não fiz isso! – ela lançou-lhe um olhar cortante – Ok. Talvez um pouco. Pronto, admito que começamos com o pé errado.
– Já te disse que foi com os dois.
– Tens de admitir que pareces um pouco fria,
Ela lançou-lhe outro olhar cortante: – Nem sempre o que parece é.
– Paz? – perguntou ele com um sorriso enviesado estendendo-lhe a mão.
Ela olhou a mão dele desconfiada mas acabou por aperta-la: – Paz.
Voltou ao que estava a fazer mas olhar dele cravado nela acabou por a irritar novamente: – Que foi?
Ele sorriu: – São os teus olhos.
– Desculpa? – perguntou ela desarmada para tal resposta – Que queres dizer com isso?
– Há algo nos teus olhos...
– Pois há. Chama-se retina. – disse voltando-se novamente para o computador mas por dentro tremia.
Ele engelhou o nariz: – Sabes que não falo disso.
Ela suspirou. Que se lixasse. Conhecia-o há um dia mas sinceramente já não suportava as observações idiotas e tinha a certeza que quanto menos lhe dissesse mais ele ia querer saber, como, aliás, bom aquariano que era: – Bem, na verdade, também há algo nos teus olhos mas não me vês a queixar.
– Estou a falar a sério. – observou ele chateado.
Ela suspirou e olhou-os finalmente nos olhos: – Também eu!
Ele ficou a olha-lo espantado sem saber o que lhe responder. O olhar dela podia parecer intimidativo mas não a ele. Aqueles olhos da cor do cobre eram dos mais expressivos e intensos que jamais encontrara, neles podia ler a sua inteligência e ao mesmo tempo a sua solidão. Perguntou-se se ela saberia que ele podia ver isso.
– Se sou sarcástica é porque sou “bravia”, se sou honesta olhas-me como se fosse um bicho. – observou ela. – Vais-te decidir?
Ele sorriu: – Posso, tentar, eu acho.
***
Na sala Nayo estava entregue aos seus pensamentos olhando a TV com olhar vazio. Não via as imagens correr, apenas pensava para consigo. Ao seu lado Munny e Junsu haviam adormecido ambos para cima dela. “Bonito!” pensou para consigo. Suri estava sentada no outro sofá e ela e Changmin também haviam adormecido. Perguntava-se o que 3 membros dos Super Junior faziam ali aquelas horas ou porque a SM decidira que seriam aqueles três emplastros a contracenar com eles no drama. Estava tão imersa nos seus pensamentos que nem viu Yoochun aproximar-se e cobri-los aos 3 com um cobertor. Sobressaltou-se fazendo Munny e Junsu reclamarem qualquer coisa e voltarem para o outro lado a dormir, pelo menos já não tinha o peso deles a incomoda-la.
– Desculpa. – disse ele baixinho para não acordar os outros. – Não sabia que estavas acordada. – olhou-a com ar inquisidor acocorando-se à sua frente – Ou será que te acordei? Desculpa.
Meia sonolenta e cansada demais para discutir acabou por lhe responder sem grandes rodeios, já perdera a paciência para discutir com ele há algum tempo: – Não, estava apenas a pensar.
Ele olhou-a espantando: – Devias descansar.
Ela rolou os olhos: – Oh! Poupa-me, olha quem fala.
– Que estás a ver? – perguntou olhando a TV que passava spots comerciais.
– Nada. – respondeu simplesmente.
Ele sorriu: – Então porque tens a TV ligada?
– Não fui eu que a liguei mas que te interessa isso? – perguntou ela sarcástica.
Sentou-se aos pés dela com as costas contra o sofá como se também ele estivesse a ver a TV que passava naquele momento publicidade: – Estava a confraternizar com a minha representante. Não posso? – perguntou ele sem a olhar e ela agradeceu ele não o ter feito. Não lhe apetecia olhar-lhe para as fuças: – Não estás cansada?
– Porquê? – perguntou num quase ofensivo.
– Posso saber que mal te fiz? – perguntou ele. Notou que ele não a olhava propositadamente como se não quisesse ver a expressão dela.
Ela suspirou, apeteceu-lhe manda-lo plantar batatas para a Bósnia mas por alguma razão acabou por lhe responder. – Não sei. Porque tentas mudar a minha opinião?
– Também não sei. – respondeu ele – Estou a ser honesto. E não sou de meias palavras como deves saber.
– Sim, eu sei.
– Sabes?
– Se pões um blog em inglês na net, sendo tu quem és, devias imaginar que gente de todo o mundo o vai ler. – respondeu ela e assim que o acabou de falar arrependeu-se de o ter feito. Porque raio não tinha estado calada? A culpa era dele.
– Então... costumas ir ao meu blog? – perguntou ele olhando ainda para a TV como se estivesse a fazer conversa casual.
Ela suspirou amaldiçoando Ahri: – A culpa é da Ahri que adora o teu blog e passa a vida a chatear-me para ver isto e aquilo. – disse ela
– A Ahri?
– Sim. Leader-san da treta!
– Porque lhe chamas isso: “da treta”? – perguntou ele curioso.
Ela riu e ele virou-se para a fitar com um sorriso: – É uma piada por ela ser chata.
– Então ela não é boa líder? – perguntou confuso voltando-se novamente para a TV.
“Oh! Que bom. Agora está interessado nela!” pensou: – Não é isso. Por acaso até é boa pessoa embora seja completamente despistada. Mostra-se dura e sarcástica mas connosco é muito querida e completamente cómica.
Ele riu.
– Que foi?
– Vocês escolheram cada membro pela personalidade, foi? – perguntou ele ainda a rir.
– Não... estás a falar de quê?
– Bem, a Bony é muito parecida ao Jae, a Munny e o Changmin já todos perceberam, a Ahri é tal e qual o Yunho e tu... bem... nunca encontrei ninguém tão parecido comigo. – explicou.
Ela revirou os olhos: – És bruxo, é? Como sabes isso se mal me conheces? – perguntou.
– Não sou o único com um blog em inglês, pelo que parece. – disse ele com um sorriso amoroso, deliciado com o ar de choque dela.
– Que... que... queres... Tu... Como? – articulou ela.
– A culpa, neste caso, é mesmo tua. Tens um nome no mínimo original e único e com ele deixas comentários no meu blog. Depois vens para a Coreia porque fazes parte da nossa banda cover... achas mesmo que eu não tinha, no mínimo, curiosidade de ir ao teu blog? – perguntou ele
Aquilo era tão raro, era mesmo muito raro deixarem-na sem palavras, nem que fosse por um momento: – Sim, pois. Bem, tu vês tantos blogs. O meu não é nada de especial.
– Gostei da tua sinceridade nos comentários e no blog. – observou ele – Gostei em especial da entrada em que falas em destino.
– Acreditas em destino? – perguntou ela pasma. Pronto! A pergunta fatal havia sido feita.
Ele voltou-se novamente para a frente. Sempre pensei que destino não passava de uma mera palavra. Havia o que eu podia e não podia fazer. Sempre acreditei que fazemos o nosso próprio destino. Mas há coisas que nem eu consigo explicar. – observou ele – Mas não acredito que o que faço estivesse escrito em algum lado.
– Tudo, tudo nem eu. – replicou ela – Mas também não acredito em coincidências.
– Coincidências? – perguntou ele continuando a olhar para a frente.
Ela abanou a cabeça. Não lhe podia contar: – É uma longa história.
– Eu gosto de longas histórias. – observou ele continuando a fitar a TV embora ela soubesse que ele não estava a ver nada do que estava a passar.
– Ouve! Mas que raio queres tu de mim? – perguntou ela irritada?
Ele olhou-a serio: – Saber porque acreditas em coincidências e porque não gostas de mim.
Ela suspirou: – Queres saber de mais. Apenas te digo que estás enganado. Não é que não goste de ti. Mas não posso explicar. Quanto às coincidências... digamos que nunca me aconteceu uma “coincidência” sem estar ligada a outra.
Ele levantou-se e curvou-se sobre ela. Ergueu uma mão e tocou-lhe gentilmente na face: – E eu sou uma dessas coincidências? – perguntou ele com uma expressão seria como se conseguisse ver para além dos olhos dela e até à alma.
Nayo não conseguia explicar o que via no olhar dele, seria carinho, ternura, simpatia ou apenas curiosidade. Mas aquele olhar intenso estava sem duvidada carregado de algo que ela não conseguia explicar e que lhe prendia as palavras carregadas de ironia na garganta dando espaço a outras que ela não queria dizer e acções que não queria demonstrar, em especial frente a ele.
A mão dele passou da linha do seu queixo até à base da nuca num movimento lânguido, arrepiando-lhe a pele sem que ela o conseguisse evitar. Continuava a fita-la como se de súbito nada mais houvesse no mundo que não eles os dois. Entrelaçou os dedos nos caracóis do seu cabelo. Ela ergueu automaticamente a mão para lhe tocar na face, quase que para se certificar que ele era real, temendo que tudo não passasse de um sonho e que a sua mão passasse por ele como por um fantasma. Mas a pele dele era suave e quente, sedosa ao toque, como a de uma criança. Ele fechou os olhos ao sentir do toque gélido da mão dela, era estranho que o simples toque de mulher lhe desse tanto prazer e despertasse nele tantas emoções aumentando ainda mais todas as perguntas que guardava no seu âmago.
Nayo viu reabrir os olhos que brilhavam, notou que a expressão dele transparecia uma confusão de sentimentos como se estivesse a travar uma batalha dentro de sim, a decidir ou não fazer algo. Ele agarrou gentilmente o pescoço dela e aproximou-se da sua face. Quando ela conseguiu perceber o que ele se preparava para fazer ele já se encontrava a escassos centímetros dos seus lábios, tal era a intensidade do momento. Aproximava-se tão lentamente que ela não conseguia decidir se fechava os olhos e se deixava levar pelo momento, bebendo da ternura que ele exprimia ou se fugia apavorada, no entanto, o seu corpo estava paralisado e a única coisa que conseguiu fazer foi embrenhar a mão que tocava a face dele nos seus cabelos, sendo de todo uma ajuda ao seu problema.
Uma voz vinda da cozinha despertou ambos do transe. Alguém chamava por Sana aflito. Olharam ambos na direcção da cozinha e depois um para o outro. Os restantes quatro dormiam como bebés. Nayo reparou que Junsu, inconscientemente, abraçava Munny enquanto Changmin e Suri dormiam com as cabeças encostadas.
Yoochun afastou-se retirando-lhe a ao da face e o local onde ele tocara ficou mais frio, como se a mão dele fosse uma fonte de calor, estendendo-lha para a ajudar a levantar com uma expressão de desapontamento espelhada no rosto. Ela aceitou inconscientemente como se estivesse enfeitiçada pelo olhar dele. Pôs-se de pé e seguiu-o até à cozinha.
***
Leeteuk, Heechul e Hankyung olharam as fatias de bolo à sua frente.
– Foste tu que fizeste? – pergunta Heechul a Jae.
Ele sorriu: – Foi a Ahri, a rapariga que ficou a falar com o Yunho. – respondeu ele, enquanto eles começavam a comer. – Que vão fazer amanhã? – perguntou a Bony.
Ela pensou um pouco e depois virou-se para Lili sem saber o que responder.
– Amanhã não temos eventos. Apenas daqui a dois dias. – explicou Lili.
Bony sorriu: – Ah! A Ahri tinha dito que amanhã é para nós nos perdermos em Seul. – explicou ela. – Vamos às compras e visitar a cidade. E vocês? – perguntou esperançosa que pudessem ir com elas.
Jae suspirou: – Temos ensaios e claro um evento num programa – respondeu ele e desejou poder realmente acompanha-las.
Os outros três olharam-se e depois voltaram-se para elas: – Nós podemos ir com vocês. – sugeriu Heechul
– Sim, amanhã temos o dia livre. – assentiu Leeteuk com um enorme sorriso.
Hankyung que comia bolo, apenas assentiu em confirmação.
Lili e Bony olharam-se e depois agradeceram. Passear em Seul com três dos Super Junior era completamente inexplicável. E para sua grande sorte, o programa que haviam gravado nesse dia, só ia para o ar na noite do dia seguinte. No entanto, inquietava-as a reacção de Ahri que, desde que chegara ali, andava muito mais irritadiça que de costume.
– A rapariga do cabelo de duas cores, que é ela no grupo? – perguntou Hankyung – A vossa manager ou assim?
Elas olharam-se e Jae olhou-as também e sem saberem muito bem o que lhes responder desataram os três a rir.
– Qual é a piada? – perguntou ele surpreso com as reacções deles.
Lili apontou-se: – Eu é que sou a manager e também pertenço ao grupo de certo modo. – explicou ela.
– A Ahri, a rapariga do cabelo de duas cores, é a nossa líder. – disse ela não muito agradada com o tom que ele empregara – Tem uma personalidade muito forte mas nós adoramo-la porque sabemos o quão importantes somos para ela.
– Ele não falou por mal, certo? – perguntou Jae ao que Hankyung encolheu os ombros. Estava-se nas tintas para o que elas pensavam dele.
– Só acho estranho. Ela não tem cara de cantora. – observou
Leeteuk olhou Lili: – E tu não tens cara de manager. Mais para actriz de Hollywood. – observou ele.
Ela corou até à raiz dos cabelos: – Eu?
– Sim. Pareces mesmo uma actriz ou uma cantora famosa. – afirmou ele – És linda.
Bony riu: – Estamos fartas de lhe dizer isso.
– Aliás, todas vocês, são lindas. – observou Heechul.
Elas coraram e Jae olhou Heechul de lado: – Mas nem todas estão disponíveis, – apontou Bony – ela já tem namorado.
– Oh! – fizeram os outros três ao mesmo tempo.
O telemóvel de Bony tocou como que a confirmar as palavras de Jae. Ela atendeu em inglês falando com um grande sorriso enquanto se afastava. Outro telemóvel tocou e Lili pegou-lhe: – É o da Ahri.
Esta apareceu na cozinha seguida de Yunho.
Jae sorriu e falou em coreano: – Viras-te sombra dela?
– Cala-te! – grunhiu o outro em japonês.
Ahri olhou o telemóvel, sorriu ao reconhecer o número e atendeu em português. Afastou-se do resto do grupo e foi até a varanda, do outro lado alguém lhe berrou qualquer coisa ao ouvido.
– Vou-te ensinar a falar baixo, um dia destes. – observou ela com um enorme sorriso. Quem estava do outro lado respondeu algo e ela respondeu a rir – Brutal! Tas no gozo? Como?
Ficou ao telemóvel uns minutos e depois voltou para dentro onde todos se riam de uma qualquer anedota contada por Heechul.
– Qual é a piada? Também me quero rir. – disse ela colocando o telemóvel em cima da mesa com um ar sorridente mas assim que o fez a sua expressão mudou e agarrou-se ao peito como se quisesse arrancar de lá algo.
– Outra vez não! – exclamou Lili – Sana! Sana! – chamou ela – Respira.
– Ukinhas! Tem calma. Já vai passar.
Os rapazes olharam-nas aflitos. A respiração de Ahri era quase inexistente.
– Tu disseste outra vez?! – exclamou Yunho – Então ela realmente tem alguma coisa!
Bony e Lili olharam-se. Bony recordou-se que não haviam passado dois dias desde que Ahri caíra doente e Yunho a ajudara. Ela andava a exagerar na dose e aquelas dores eram o sinal.
– É melhor leva-la ao hospital. – observou Leeteuk.
– Sim, parece grave. – disse Hakyung.
Ahri levantou debilmente uma mão e afastou a cara dos ombros de Lili para mostrar uma expressão de dor misturada com medo: – Nada de hospitais. Isto já passa.
Heechul olhou-a estupefacto: – Mas convinha ires. Pode ser grave.
– Não é nada. Isto é normal.
Yunho olhou-a furioso: – Normal? Tu estás...
– Que se passou? – perguntou Nayo entrando na cozinha de rompante acompanhada por Yoochun – Outra vez? – perguntou para Lili. A outra assentiu com a cabeça.
– Aihrin! – chamou Nayo.
– Eu já fico bem.
Jae e Yoochun olharam-se e depois para Yunho. A miúda era teimosa como uma mula.
– Tens certeza, Ahri? – perguntou Yoochun – Parece que te dói bastante.
– Vá lá, Ukinhas, se calhar era melhor.
– Eu fico bem.
– Susana! – exclamou Nayo. – Devias ir.
Por trás da mascara de dor Nayo sabia que ela estava enfurecida: – Se eu descansar fico melhor. Parem de me fazer falar. – pediu ela sofregamente.
Yunho perdeu a paciência com a estúpida teimosia dela. Naquele momento teve firme certeza que ela escondia algo. Tirou algo do bolso que atirou a Yoochun: – Tu conduzes e eu levo a mula teimosa.
– Larga-me! Já! – argumentou ela quando ele a agarrou ao colo.
– É assim, tu já és pesada que baste, portanto faz favor de ficar quieta! – ordenou Yunho num tom tão seguro e tão zangado que ela se calou.
– Vá lá, Aihrin, é para o melhor. – observou Nayo.
Jae olhou-os: – Eu fico aqui com elas
– Eu vou com ela. – exclamou Nayo
– É melhor ficares. – observou Yunho.
– Ou eu vou ou tens que me prender aqui porque eu não a deixo sozinha. – disse ela firmemente não dando grande hipótese de retaliação a Yunho.
– Nós também vamos. – disse Lili.
Nayo aproximou-se dela: – É melhor ficares por causa da Munny e da Suri. Quando souberem vão-se passar.
Nos braços de Yunho, Ahri respirava tão sofregamente que ele apressou o passo. Nayo podia ter parado para admirar o Audi de Yunho como o carro realmente merecia mas nem pensou no assunto. Ajudou Yunho a deitar Ahri atrás, deixou-o ficar lá com ela e entrou para o lugar da frente, trocou um olhar preocupado com Yoochun e este arrancou a toda a velocidade para fora da garagem. Dizer que ele conduzia como um louco seria exagerar, no entanto, a verdade é que andava a velocidade de loucos dentro da cidade mas nem por um momento os colocou em perigo. Nayo assumiu que esse facto se devia à sua experiencia a fugir de fãs tresloucadas.
Olhava pelo vidro do carro mas não distinguia mais que luzes e escuridão, devia-se em parte à velocidade com que ele conduzia mas na sua grande maioria devia-se a estar completamente absorta em pensamentos. A conversa com Yoochun, aquele momento tão intenso e os sintomas de Ahri a agravarem-se. Ahri dissera-lhe tantas vezes que acreditava na sua força, no entanto, tendo em conta tudo quanto estava a acontecer, havia alturas em que desconfiava de tal força e aquele era um daqueles momentos em que desconfiava se teria realmente forças suficientes para aguentar com tudo aquilo. Seria Yoochun o rapaz do lago ou uma estranha coincidência? Coincidência? Há muito que aprendera que tal coisa não existia.
Chegaram ao que parecia ser o Hospital. Yunho já tinha a porta aberta ainda o carro não tinha parado, desapareceu com Ahri nos braços para dentro do edifício antes que Nayo pudesse sequer abrir a boca. Yoochun agarro-lhe a mão quando ela abriu também a sua porta para sair: – O Yunho conhece este hospital. – começou ele – Se o tentares seguir agora já não o vais encontrar e perdida não serves de muito. É melhor que fiques comigo.
– Mas eu não a quero deixar sozinha.
– Ela não está sozinha. – observou ele metendo uma mudança – Não te preocupes, vamos só estacionar o carro e já vamos ter com eles. Ela está em boas mãos.
Ela acabou por fechar a porta deixando-se ficar sentada do banco do carro. Após estacionar o carro, Yoochun, conduziu-a pelo estacionamento, não tinham andado 3 metros quando ouviram vozes. Ele agarrou-lhe a mão: – Vem. Temos que entrar pela parte do pessoal docente. Se me descobrem a tua linda cara vai aparecer amanhã em todos os jornais e revistas... além de que seria alta confusão para conseguirmos entrar. – disse ele enquanto se afastavam por uma entrada bastante mais deteriorada que aquela por onde Yunho entrara. Subiram por um elevador antigo que o segurança lhes indicara: – Costumamos fazer assim quando um de nos está doente e não queremos alertar os média. – disse ele em tom de explicação.
– Resulta? – perguntou Nayo espantando-se por se aperceber que ainda conseguia falar.
Ele riu: – Nem por isso. Mas pelo menos somos deixados em paz por uns momentos. – explicou. Quando as portas se abriram o cheiro característico do formol invadiu-lhes as narinas. Ele olhou-a como se tivesse recordado de algo deixando-a desconfiada: – Tu não estudas medicina?
– Estou a acabar.
– E não consegues saber o que ela tem? – perguntou ele
Ela olhou-o de lado: – Vocês entraram todos em pânico antes que eu pudesse falar. – Depois fitou as pontas dos sapatos – Temo não servir de muito no caso dela.
– Que queres dizer?
Yunho apareceu de uma esquina e chamou-os
– Então? – perguntaram-lhe ao mesmo tempo.
– Está em observação e puseram-na a oxigénio. – explicou ele.
– Ela é forte! – exclamou Nayo mais para se convencer a si mesma que a eles.
Yunho lançou-lhe um olhar irritado: – O que raio tem ela?
Ela voltou a fitar a ponta dos sapatos: – Eu... lamento. Não sei.
Eles entreolharam-se e Yunho cruzou os braços a frente do peito: – Tenho algumas dificuldades em acreditar nisso.
Ela fulminou-o com o olhar fazendo-o descruzar os braços e recuar um passo: – Eu não tenho por hábito mentir! Estou farta de lhe tentar arrancar o que é mas a única coisa que ela me responde é que os médicos não encontram nada e que dizem que deve ser dos nervos.
Ficaram um pouco em silêncio até que Yunho se dignou a falar: – Desculpa. Passei das marcas.
– Pois, para quem diz que ela é uma stressada, não lhe ficas muito atrás. – escarneceu ela.
O médico aproximou-se e eles puseram-se em todos em sentido. A velocidade de discurso dele poderia assemelhar-se à da luz, tal foi a rapidez das palavras que dirigiu a Yunho.
Yoochun traduziu: – Parece que a tua amiga é teimosa até no hospital. – observou ele com uma expressão de espanto – Recusa-se a fazer os exames alegando ser só nervos.
– Eu vou mata-la! – exclamou Nayo, a teimosia de Ahri começava, sem duvida, a passar das marcas.
– Então despacha-te.
– Porquê? – perguntou ela irritada.
Ele sorriu: – Porque conheço aquela expressão, – apontou Yunho – se não te despachas, ele próprio a mata. – avisou ele.
Seguiram Yunho até entrarem num quarto onde Ahri se encontrava deitada com uma mascara de oxigénio na face e olhos fechados. Nayo tocou-lhe levemente no ombro e ela abriu os olhos fazendo um sorriso triste ao vê-la: – Desculpa. – pediu.
– Porquê? – perguntou Nayo não conseguindo ouvir a resposta graças a Yunho.
Yunho afastou Nayo e embora não a tenha magoado ao ponto de ser rude afastou-a demasiado depressa: – A tua irresponsabilidade não mede limites! – berrou ele.
Nayo abanou a cabeça. Ele acabara de cometer um grave erro, berrar com Ahri era perda de tempo... ia começar a festa.
Ahri quase o dilacerava com o olhar: – Poupa-me! Eu disse que estava bem! Tudo isto não passam de idiotices! – berrou ela irritada.
– Idiotices? Isso porque não viste a tua cara! – berrou ele – Quando o médico lá esteve ontem devias ter mencionado que tinhas alguma coisa.
– Isso era se eu tivesse alguma coisa! – argumentou ela
– Não é o que parece! – exclamou ele subindo o tom de voz novamente e continuando a esbracejar.
– Nem tudo o que parece é! – voltou a berrar ela esbracejando também.
– Desta vez acho que é mesmo o que parece!
Yoochun e Nayo olharam-se, a berrar daquela maneira, ela não parecia de todo doente. O médico entrou e bradou qualquer coisa em coreano.
– Está a dizer que isto não é uma casa de doidos, para eles pararem de berrar. – traduziu Yoochun.
Nayo suspirou: – Isto não é de todo normal.
– Então isto não lhe costuma acontecer? – perguntou ele confuso.
Ela riu: – Não com tanta frequência, no entanto, referia-me ao humor dela.
Ficando confuso, sem perceber onde ela estava a chegar, não conteve a pergunta: – Como assim?
Nayo olhou Yunho e Ahri e voltou-se novamente para Yoochun: – Bem, porque o membro preferido dela... é o Yunho!
Yoochun fitou os outros dois de boca aberta. Ele próprio nunca vira Yunho agir como um demente, como era o caso. Pelo que Nayo insinuara nem Ahri assim agia e pelo pouco que fala com ela também achava que Nayo tinha razão mas por mais voltas que desse não encontrava explicação para o atrito nato daqueles dois imbecis.
Yunho disse qualquer coisa, em coreano, ao médico com cara de quem não estava minimamente a espera de ser contrariado. Nayo olhou Yoochun.
– Ele disse ao médico que ela vai fazer os exames e que não admite que ela o contrarie – explicou ele – Também nunca vi o Yunho agir assim.
Ahri pareceu perceber o que ele estava a dizer porque se virou para ele com o olhar mais ameaçador que Nayo alguma vez lhe vira: – Tu não mandas em mim!
– Enquanto depender de mim – disse Yunho aproximando-se dela – tu não vais morrer.
Ahri ficou de boca aberta a olha-lo como se o estivesse a ver pela primeira vez: – Eu... não estou a morrer!
– Faz os testes para podermos ver isso! – disse ele mais calmo e num tom mais baixo.
Ainda assim, por mais que baixasse a voz tocara num ponto fraco: – Façam-me os testes que quiserem! Não vão encontrar nada. – ripostou ela virando-lhe a cara.
– Eu vou com ela. – informou Nayo.
O médico disse algo em coreano e Yoochun voltou a traduzir: – Pelo que parece, ela pode ficar sozinha.
Ahri olhou-a com o olhar a espelhar suplica: – Não me deixem com aquele maníaco! – exclamou ela apontando Yunho.
– Não sou maníaco. – ripostou ele – Pelo que parece, tenho bem mais juízo que tu.
– Já te disse que não tenho nada e que a porcaria dos testes não vão mostrar nada que não isso! – ripostou ela novamente.
Ele já bufava: – És mesmo muito teimosa para alguém tão pequeno.
Foi a gota de água e Ahri passou-se por completo: – Olha lá oh esqueleto vaidoso! Lá por seres um trinca espinhas com o tamanho da Torre Eiffel não quer dizer que eu aceite que me chames pequena.
O médico parecia não estar mesmo nada feliz e disse-lhes que ela teria que fazer os exames sozinha uma vez que aquela discussão apenas estava a servir para a enervar ainda mais e isso era provavelmente o que lhe estava a fazer mal.
Yunho acabou por ter que se calar e Ahri sorriu vitoriosa. Antes de sair ele aproximou-se dela e sussurrou-lhe algo ao ouvido que lhe fez desaparecer o sorriso da face e dar lugar a uma expressão de puro choque.
Não haviam ouvido o que ele dissera e antes que Nayo pudesse interroga-la a esse respeito o medico estava a pô-los também na rua.
Yoochun aproximou-se de Yunho: – Que lhe disseste?
– Uma verdade.
– Que verdade?
– Vou buscar água.
Yoochun e Nayo ficaram a vê-lo afastar-se a passos largos resmungando qualquer coisa inaudível.
Sentaram-se num banco no corredor e ficaram um pouco em silêncio cada um emerso nos seus próprios pensamentos. Yunho voltou pouco depois começando a andar de um lado para o outro como se fosse uma barata tonta. Optaram ambos por o ignorar.
– Desculpa se me precipitei há pouco. Deves ter-me achado bastante descortês e peço desculpa por isso. – disse ele olhando o chão – Mas não consigo sequer começar a explicar o que sinto quando te vejo. É, no mínimo, estranho.
Se o pedido de desculpa a deixara desarmada aquela ultima afirmação fora o golpe fatal. Ficou ali sentada e paralisada, a olhar as pontas dos sapatos. O tipo tinha de ser parvo, só podia ser isso. Aquilo era uma resposta a Micky e ela estava a deixar-se levar na conversa, era isso... Tinha de ser isso. Porque raio fora ele buscar aquilo? O mundo estava louco e começava a dar também com ela em louca. Suspirou e recordou-se que ultimamente andava a suspirar de mais para o seu próprio gosto, algo que não era de todo um habito seu e virou-se para ele irritada: – Pára lá com as esquisitices. Não eras tu que não acreditavas em destino? – perguntou ela.
– Calma! É um sentimento diferente... eu acho.
– Então como sabes tal coisa se não acreditas?
Ele apertou-lhe a mão: – Não precisas de te irritar.
Nayo largou-lhe a mão instantaneamente ao aperceber-se que se mantivera de mão dada com ele desde que haviam saído do estacionamento.
A expressão de horror no rosto dela assustou-o: – Que foi? Que se passa? Estás bem? – perguntou ele colocando as mãos nos ombros dele, parecia seriamente preocupado – Nayomira?
Ela olhou-o ainda sem palavras e ele sorriu de orelha a orelha: – Podias tentar fazer um esforço. Juro que não sou má pessoa.
Podia esgana-lo ali mesmo ou podia abraça-lo e pedir que a abraçasse de volta garantindo-lhe que tudo ia ficar bem... como outrora. Optou por ficar quieta olhando Yunho andar de um lado para o outro. Sobressaltou-se quando ele parou de súbito e a olhou.
– A Ahri disse-me algo... – calou-se e os outros ficaram a olha-lo esperando pela continuação no entanto ele ficou ali parado a olhar para ontem com o olhar vazio e a mente a fervilhar.
Yoochun revirou os olhos: – Podias acabar as frases que começas, não?
O outro olhou-o como se nem se tivesse apercebido que não acabara de falar: – Ah! Sim. Ela disse-me algo como “Uma das melhores coisas da vida é que o melhor dela não pode ser explicado.”. – olhou Nayo – Que queria ela dizer.
Foi a vez de Nayo revirar os olhos: – Tão típico dela.
– É? – perguntou Yunho surpreendido
– Sim, ela e as psicoses dela.
Yoochun e Yunho olharam-se: – Psicoses?
Ela riu: – Esqueçam. Lamento, no entanto, não te servir de grande ajuda, não sei a que ela se referia. Que lhe perguntas-te?
Yunho olhou Yoochun e depois Nayo: – Disse-lhe que pensava já a ter visto antes, que não conseguia explicar, e ainda não consigo, mas sinto que a conheço de algum lado.
Os músculos do corpo dela ficaram rijos de tensão e Yoochun reparou. Colocou-lhe uma mão nas costas: – Que foi?
Ela apontou Yunho: – Tu disseste-lhe o quê?
– Pronto, eu calo-me. Não devia ter falado nisto. – disse afastando-se a resmungar qualquer coisa sozinho.
Eles ficaram calados e ambos a olhar para nada apenas a não querer fitar o outro. Yoochun foi o primeiro a ceder: – Tens que entender que, na verdade, somos pessoas normais, com os nossos defeitos, erros e as vezes maluquices. Mas garanto que somos muito... haaa... sãos!
– Eu sei que vocês também devem ter as vossas psicoses. A Ahirin fartava-se de me dizer isso. – explicou ela levantando-se – Mas acredita quando te digo que vocês não são os únicos a gostar de pessoas que não conhecem de parte nenhuma, aliás, vocês não sabem a sorte que tem em só saber isso. – afastou-se a passos largos bufando como um touro.
Yoochun ficou sem palavras vendo-a afastar-se. Reagiu quando a viu virar a esquina, levantou-se e correu atrás dela perguntando-se a si mesmo: – Mas o que raio de diabos é uma “psicose”?!
Não a viu no corredor seguinte e perguntou-se se ela se movia à velocidade da luz. Andou mais um pouco e acabou por a encontrar com a testa encostada a um vidro. Puxou-a e pôs-lhe a mão na testa gelada para a aquecer com o calor das suas mãos: – Tas tonta? Isso faz-te mal!
– Vocês têm noção que nos conhecem há dois dias?
– Amanhã vão ser 3. – disse ele sorrindo.
Ela suspirou: – Sabes fazer outra coisa que não sorrir?
– Sabes fazer outra coisa que não reclamar? – perguntou ele serio – Achas que me apetece estás sempre a ouvir bocas e sorrir ainda por cima? Sim, se me perguntassem há uma semana como reagiria 2 dias depois ou um dia depois de conhecer alguém, tenho certeza que esta seria a última maneira como descreveria a minha reacção. – disse cruzando os braços sobre o peito – Mas não te consigo, tal como o Yunho, explicar esta sensação de que vos conheço. Agora, se queres pôr-te todo tempo com bocas e teorias esquisitas, problema teu. Hás-de perceber que não te leva a lado nenhum.
Ela respirou fundo para não lhe apertar o pescoço: – Mas que... – “Calma Nayomira” pensou para si “Cala-te Filipa” – Ora... Topo. Tu é que me andas a perseguir!
– Foi o Yunho que virou sombra da Ahri, não eu. Mas já que falas nisso. Tenho duas perguntas para te fazer. – disse ele. – É possível que lhes respondas com toda a honestidade?
Franzindo o sobrolho, Nayo, debatia-se afincadamente com a vontade de lhe saltar à garganta, uma vez que estavam numa onda de verdade, resolveu dizer-lho: – É assim, não sei se já reparaste que a minha vontade de te saltar ao pescoço começa a tornar-se tentadora. Respondo-te com honestidade... mas não prometo que também não haja com honestidade.
Ele fez um meio sorriso: – Isso é uma proposta?
– Estás a testar a minha paciência?
– É uma ideia. – observou ele.
Ela abanou a cabeça: – És masoquista ou gostas mesmo de brincar com o fogo?
– Por vezes também gosto de me queimar... mas quem te disse a ti que eras fogo?
– Vai a merdinha, ta?
– Passamos aos insultos, foi? – perguntou ele – Que civilizada.
Ela avançou um paço na direcção dele e ele avançou também na dela. Ficaram quase nariz com nariz, aliás... nariz com queixo. Ela levantou a mão para lhe apontar um dedo ao nariz mas ele deve ter interpretado que ela lhe ia bater porque lhe agarrou o pulso, embora tivesse sido rápido a faze-lo não a magoou. Ela tentou libertar-se mas ele tinha mais força que ela, o que a irritava era que ele nem estava a fazer muita força, sabia isso porque não a magoava.
– Bate-me... e eu beijo-te! – disse ele num tom de voz tão seguro que ela soube que ele não estava minimamente a brincar – Muito bem, agora que acalmaste, primeira pergunta: Que quiseste dizer com aquilo do “nós não sermos os únicos a gostar de alguém que não conhecemos”?
Ela lançou-lhe um olhar assassino e ele sorrio: – Disseste que me respondias!
– Isso foi antes de uma certa pessoa me ameaçar.
– Por favor? – pediu ele
Foi a vez dela sorrir: – Só te vou responder porque sei que nunca mais vais querer nada comigo. – começou ela – Sabes aquele teu post acerca de gostares de uma gaja que nunca tinhas visto ou conhecias?
– Para quem não gosta de ir ao meu blog... sabes bem as entradas.
Ela suspirou: – Vais responder ou queres que me cale?
– Sim, lembro.
Ela respirou fundo: – Bem eu e a Ahri temos o mesmo tipo de sensação. Com uma ou duas diferenças. Também gostávamos de alguém sem saber quem era essa pessoa. – explicou ela.
– “Gostavam”? – perguntou ele desconfiado
– Bem... ainda gostamos. Ouve, é muito complicado – observou ela
Yoochun fixou os olhos nos dela: – Por agora contento-me com essa resposta porque acho que vai ter que ser respondida com a próxima. – Nayo imaginou que dali vinha merda da grande – Quem és tu?
Aquilo apanhara-a desprevenida, não esperava aquela pergunta tão cedo. Revirou os olhos: – Sou a Nayomira.
– Sabes bem a que me refiro. Quem és tu a mim? – perguntou ele serio.
– Sou a Nayo das Ritmo DBSK e representou-te. – respondeu ela com um sorriso trocista em desafio.
Ele agarrou-a pelos ombros: – Vais querer ficar aqui, até amanhã, neste jogo de fiz que não disse? – perguntou ele obviamente chateado com a brincadeira – Ou vais crescer e responder-me?
– Que raio estão vocês a fazer? – perguntou Yunho que agarrava Ahri pela cintura porque o braço que ela usava para se apoiar nos ombros dele mal passava do pescoço dele devido à diferença de alturas. Yoochun e Nayo olharam-nos, olharam-se e depois voltaram a olha-los desatando a rir.
– Que foi? – perguntaram os outros dois ao mesmo tempo.
Ahri olhou Yunho enfurecida: – Eu disse que podia andar sozinha. – ripostou
– Mal te aguentas de pé! – exclamou ele – Está caladinha. Raios. – disse baixando-se – Sobe para as minhas costas.
– O QUÊ? – perguntou ela chocada – Vai sonhando.
Ele olhou-a com cara de menino travesso: – Ou isso ou levo-te ao colo. Agora escolhe.
Ela resmungou uns quantos palavrões em português mas acabou por subir para as costas dele resignando-se à sua sorte e preferindo aquilo a voltar a ser carregada por ele. Ao menos assim não tinha que lhe ver a cara.
– E que tal uma dieta? – zombou ele sorrindo.
– Olha lá! – exclamou ela batendo-lhe nos ombros – Isso é maneira de se tratar uma mulher?
– Mulher?! Onde? – perguntou ele olhando em volta como se procurasse algo.
Enquanto eles voltavam à sua discussão, Yoochun voltou-se para Nayo: – Tu vais-me explicar aquela história. Eu quero uma resposta.
Ela acenou afirmativamente. Mais cedo ou mais tarde ele teria que saber... mas naquele caso valia muito mais que fosse bem mais tarde.
– És uma chata! – exclamou Yunho como fim de argumento enquanto desciam o elevador que os levaria de volta ao estacionamento.
Por aquela altura Ahri optara por se render ao cansaço e repousava a cabeça nos ombros dele. Notava-se que a sua voz arrastada e baixa era de quem estava com um pé na realidade e outro na terra dos sonhos. A injecção que lhe haviam dado parecia começar a surtir algum efeito.
– Não gostas de mim porque não sou submissa e sou arisca e respondona? Lamento se sou temperamental e não gosto de ficar calada com certas coisas. – disse ela bocejando – Se não gostas azar o teu. Vai haver, um dia, alguém que goste e se não houver... azar haverei de ser a velhinha do canto da rua que tagarela com os seus muitos gatos.
Nayomira sorriu. Ela falara sempre com os olhos fechados. Perguntava-se como reagiria ela quando, no outro dia, se recordasse do que havia acabado de dizer. Era assim que ela ficava quando estava muito sonolenta ou com um copito a mais: dizia tudo quanto pensava e exactamente como pensava.
Yunho disse algo em coreano que Nayo não conseguiu decifrar por ele ter falado demasiado baixo mas Yoochun parecia ter percebido porque sorria.
– Que disse ele?
– Nada que não seja novidade.
Ela ergueu uma sobrancelha: – E que foi que ele disse que não é novidade?
– Nada! – respondeu Yunho olhando Yoochun de lado, depois voltou a dizer algo em coreano a velocidade da luz.
A porta do elevador abriu-se e saíram. Nayo olhava Yoochun à espera de uma resposta.
– Ele pediu-me para ficar calado. Não posso dizer, é assunto pessoal dele. – respondeu Yoochun num tom mais baixo para q Yunho não percebesse o que ele acabara de dizer.
Ela sorriu entendendo a mensagem. O que quer que ele houvesse dito não tinha sido de desprezo por Ahri, pela cara que Yoochun fizera, parecia precisamente o contrário. Ahri era mesmo chata, temperamental, mandona, irritadiça como tudo e podia mesmo bater na mesma “tecla” vezes sem conta até ver os seus objectivos compridos. No entanto, quando queria ou lhe apetecia, até sabia ser quase querida. Perguntava-se até quando ela seria capaz de manter as defesas que montara a volta do seu coração conta… bem contra tudo.
Ela adormecera e Yunho deitou-a na parte de trás. Yoochun entrou para o lugar do condutor.
– Hei! – exclamou Yunho – Eu conduzo.
Yoochun riu: – Já ai estás, portanto, deixa-te ficar.
– Chato. Tu és… – a frase morreu-lhe nos lábios e ficou a olhar Ahri muito serio.
– Que foi? – perguntaram Yoochun e Nayo ao mesmo tempo.
Ele colocou uma mão à frente do nariz de Ahri e Nayo percebeu o porquê da cara de preocupação dele: – É normal. – disse-lhe ela.
– Tens certeza? – perguntou ele duvidoso. – Ela levou uma injecção de uma droga muito pesada.
Nayo sorriu: – O que quer dizer que vai ter o efeito normal, nela. – informou – Ela é muito resistente a medicamentos e drogas. Pode ficar sóbria num abrir e fechar de olhos. Chego a pensar que ela por vezes finge.
– Como assim? – perguntou Yoochun.
Nayo revirou os olhos: – Isto é normal nela, serio. Também achei esquisito ao princípio, mas ela é mesmo assim. – Yunho continuava a olha-la com descrença – Fazemos assim… Senta-a.
Yunho olhou-a estupefacto mas após nova insistência dela, ele acabou por fazer como ela lhe pedia: – E? – perguntou ele vendo que Ahri continuava com a mesma respiração quase inexistente
– Agora senta-te ao lado dela. – disse Nayo e Yunho olhou-a acusadoramente – Vá lá! É só um teste.
Ele sentou-se no banco do carro mesmo ao lado de Ahri. Nayo sorriu de si para si, a vingança servia-se fria e a sua seria terrível: – Susana!? – a outra não respondeu – Susana!
Ahri resmungou qualquer coisa e mexeu-se no banco.
– Susana Margarida! Levanta-te já! – ordenou Nayo em português.
– Já vou mãe! – respondeu ela num tom arrastado e virou-se para o lado sem nunca abrir os olhos e abraçou Yunho. Este olhou-a perplexo e sem conseguir proferir uma palavra que fosse.
– Isso não é o Gizmo! É o Yunho. – disse Nayo em japonês.
Ahri sorriu e respondeu em português: – Tanto melhor.
– Primeiro: o que é um Gizmo e segundo… que disse ela? – perguntou Yunho espantado com aquilo.
Nayo sorrio: – O Gizmo é um peluche dela , um gremlin, de um filme. Depois mostro-te.
– E que disse ela? – perguntou Yoochun apercebendo-se que Nayo estava a tramar alguma coisa.
Ela sorriu de orelha a orelha: – “Tanto melhor!” foi o que ela disse.
– Ela fala a dormir? – perguntou Yunho e Nayo podia jurar, não fosse a pouca luz dentro do carro, que ele corara.
– Não. Mas amanha vai lembrar-se de tudo. – disse ela virando-se para a frente e esboçando um enorme sorriso enquanto Yoochun arrancava com o carro.
– You are evil. – disse ele baixinho.
– You don’t know how much. –olhou-o – And look who is talking.
Entraram em casa como uma repetição da noite anterior: com Yunho a carregar Ahri.
– Dejavú, alguém? – perguntou Munny
Changmin ainda vinha a esfregar o pescoço pela posição desconfortável em que adormecera: – Que aconteceu agora?
Caminharam até ao quarto onde elas dormiam como uma espécie de cortejo. Heechul ajudou Yunho a deitar Ahri na cama.
– Ela parece um anjo. – observou ele.
– Crente. – disse Munny entre dentes.
Changmin sorriu: – Deve ser a primeira vez que concordamos com algo.
Nayo e Yunho olharam-se e desataram a rir.
– Que foi? – perguntou Heechul estarrecido – Ela tem um ar tão inocente.
Todos desataram a rir menos ele, Leeteuk e Hankyung.
– É de mim ou ele chamou inocente à fera? – perguntou Changmin para Jae que lhe lançou um olhar tão reprovador que ele não pode evitar recuar um passo perguntando-se o que se passara com aquele. Os outros apenas acenaram afirmativamente à sua pergunta enquanto riam.
– Vão acorda-la. – alertou Nayo. Enquanto Yunho tirava toda a gente do quarto Nayo descalçou Ahri e pôs-lhe o cobertor por cima. Depois foi ter com o resto do grupo à sala. Mas após alguns minutos acabou ela por adormecer apoiada no ombro de Munny. Sentiu os três membros dos Super Junior sair, já tarde, mas era quase como uma memória num sonho muito distante. Não sonhava assim há algum tempo. Sonhar com aquele rapaz desconhecido deixava-lhe, naquele momento, uma sensação de calor, como se ele estivesse novamente a embala-la enquanto lhe fazia festas no cabelo. Sentiu-se ser carregada. Não se importou, conhecia aquela energia que lhe fazia tão bem, no sonho o rapaz também a carregava.
A partir dai os sonhos foram ficando estranhos. Entre um sonho em que via Changmin a dançar com alguém, sendo a sua atenção, posteriormente, captada por Ahri que dançava com um bonito rapaz de cabelos negros compridos, atados no cimo da cabeça. Os cabelos dourados dela ondulavam à sua volta enquanto dançavam e sorriam um para o outro como se não houvesse amanhã.
Alguém lhe agarrou a mão e a puxou para dançar, tentou libertar-se até que se apercebeu que era Yoochun mas ele não a deixou barafustar muito e começou logo a dançar. Não sabia como conhecia os passos daquela dança mas acabou por se deixar levar pelo companheiro e pelo agradável som da musica e quando voltou a abrir os olhos estava sozinha numa floresta escura.
– Não! – gritou a voz que supôs ser a sua. O seu pensamento corria para a clareira junto do lago e para Ahri. As suas pernas moveram-se mas não soube explicar para onde ia apenas sabia que ia chegar demasiado tarde. Quis parar, correr na direcção contrária mas aquelas pernas não lho permitiam, no entanto, ela não queria voltar a ver aquilo. Não agora. Como se ouvindo as suas preces tudo ficou negro.
Viu um grupo de rapazes e raparigas. Parecia que estavam num set de filmagens, conseguiu distinguir-se e às restantes Ritmo bem como os DBSK e os 3 rapazes dos SUJU. Perguntou-se o que fazia a Ângela ali mas viu algo que não queria. Yoochun olhava-a como s perscrutasse cada movimento seu, cada olhar, vendo tudo do lado de fora dava para perceber que, no mínimo, ela suscitava a curiosidade dele.
Levantou-se preguiçosamente para dar de caras com Yoochun sentado numa cadeira ao lado da cama e dormindo em cima dos braços mesmo ao lado dela.
Tinha um ar tão sereno e tão querido enquanto dormia. Dormia profundamente. Ela perguntou-se como viera ele ali parar ou porque ficara. Olhou o mostrador do telemóvel. Cinco horas da manhã. Voltou a olha-lo e conteve a vontade de rir quando reparou que ele dormia com a boca ligeiramente aberta. Aproximou-se dele e afastou-lhe gentilmente o cabelo dos olhos. O cabelo dele era tão macio quanto a seda, embora continuasse a achar que o cabeleireiro dele deveria ser executado por tamanha atrocidade, e cheirava a perfume. Ou seria ele? Não sabia mas o cheiro era inebriante, tentador e apelativo. A pele dele era tão clara, não que fizesse grande diferença contra a sua mas o tom era menos rosado mais como um dourado muito claro, perfeito. Parecia um anjo.
Yoochun sentou-se subitamente quando viu Nayo e ela assustou-se ao verificar que fora apanhada e flagrante e a reacção dele enfurecera-a. O que ela estava ainda muito longe de saber era a razão pela qual ele reagira assim.
Ela atirou-lhe com a almofada: – Sei que sou feia, mas podias tentar controlar-te, não? – perguntou ela vermelha de fúria.
Ele aproximou-se dela e sentou-se na cama pondo uma mão na parede atrás da cabeceira da cama para a impedir de se afastar e encurralando-a entre a parede e a escaca distância ao seu nariz. Quando falou, Nayo, pode ver os olhos dele brilhar e pela primeira vez verificou que eles tinham uma tonalidade muito própria, uma espécie de negro brilhante de reflexos verde, ou talvez fosse a sua imaginação pois não havia nada verde no quarto para reflectir.
– Não fazes nem ideia do quanto esses caracóis e esses olhos de mogno me começam a impedir de me conter. Don’t push your luck, curly haired angel; I might snatch you away one of these days. – finalizou ele em inglês enquanto se levantava. Saiu sem mais uma palavra ou sem esperar resposta.
Nayo ficou ali, parada, a tentar recordar-se de como se respirava e a tentar da mente o som da voz dele e o embriagante e maravilhoso cheiro dele. Queria negar o que sentira no momento em que ele falara e a doçura simples e sem segundas intenções que vira reflectida naqueles olhos límpidos no qual se podia ver até à alma com tanta clareza como quando se olha para dentro do mais belo e limpo dos lagos. Ao acabar o pensamento, a ironia embutida na raiz do seu ser, fê-la pensar que provavelmente andavam por lá a passear uns quantos peixinhos em vez de cérebro e esse pensamento fê-la soltar uma gargalhada e sair do transe. Tapou a boca rapidamente antes que as companheiras acordassem. Olhou a cama ao lado da sua e no local onde Ahri devia estar apenas encontrou o vazio. Onde raio estaria ela? Ela tinha-a deitado ali. Ela sabia que sim, não estava louca. “Onde raio foi aquela esgrouviada?” perguntou-se em voz baixa quando saiu da cama. Agarrou no robe que estava nas costas da cadeira onde Yoochun dormira. Sorriu só de pensar a dor de costas que isso lhe daria mas o sorriso morreu-lhe nos lábios vestiu o robe e se apercebeu que o seu precioso robe ficara embebido no perfume dele.
– Mas aquele mete nojo toma banho de perfume, ou o raio? – barafustou mentalmente. Dirigiu-se à cozinha e encontrou Ahri sentada no sofá da sala a ler um livro.
– Tu deves ter mesmo um sério problema! – exclamou Nayo colocando as mãos nas ancas. Só aquela maluca se levantava com as galinhas para se por a ler.
A outra fez um sorriso velhaco e Nayo arrependeu-se de súbito de ter aberto a boca. Yoochun tinha que ter passado por ali para sair. O sorriso de Ahri mudou para uma expressão doce enquanto a observava com atenção, como se tentasse perscrutar-lhe a mente até ao canto mais recôndito: – Baka!
Nayo abanou a cabeça e sentou-se ao lado dela: – Podias ter sido peste, meiga ou mesmo gozar-me e no meio de tanta possível opção a única coisa que dizes é “baka”? – perguntou Nayo – Sinceramente tens um sério problema.
Ela fez aquele sorriso doce que Nayo tanto lhe adorava ver: – Oh! Vá lá. Que querias que te dissesse que já não saibas? – olhou-a mais seria – Começa a trata-lo melhor. Ele é boa pessoa, e desde que chegamos que ele não tem feito outra coisa que não ser simpático contigo.
– É isso que me irrita.
Ahri soltou uma gargalhada e Nayo não pode evitar comentar: – Qual é a razão de tanta felicidade? Estás assim por teres dormido agarrada ao Yunho ou por ele te ter carregado.
O sorriso de Ahri desapareceu por automático e Nayo jurava que ela estava a ver toda a noite passada a passar em flash à sua frente e a expressão dela fui mudando até ao horror: – Oh meu deus!
Foi a vez de Nayo rir: – Ora, ora. Afinal sempre te lembras.
Ahri olhou-a furiosa: – Porque diabos me fizeste dizer aquelas coisas?
– A vingança serve-se fria. – observou Nayo.
– Qual vingança? – perguntou Ahri. – Eu nem fiz nada. Mal falei com o Yoochun a não ser agora.