Apresentação1.Primeira noite. A morena dormia profundamente sem se aperceber que não estava sozinha no seu quarto. Alguém vigiava o seu sono, parado ao lado da cama.
Ela parecia tão serena. Linda como sempre. Os seus lábios rosados, o cabelo sedoso espalhado pela almofada, a respiração tranquila.
E, ao tirar-lhe o lençol de cima, ele pôde ver também as suas curvas perfeitas, a pele delicada.
A mão forte pousou sobre o ombro da rapariga que continuava a dormir e deslizou por todo o corpo, parando somente no pé. O calor que aquele corpo emanava. O perfume suave que lhe invadia as narinas.
Não via a hora de poder fazê-la sua. Tê-la novamente e completamente nos seus braços. Provar o seu sabor.
Aproximou-se novamente da face dela e contemplou-a por mais algum tempo. Afastou-lhe o cabelo do pescoço e aproximou os lábios. Ao tocar com eles na pele dela, sentiu-a arrepiar-se.
Yoona abriu os olhos. Sentiu alguém sobre si. Mas, por mais estranho que lhe parecesse, não temeu.
-Oppa? – Perguntou num sussurro.
- Schh… - Ele pediu-lhe silêncio enquanto deslizava os lábios pelo pescoço dela. Pousou-os delicadamente sobre os seus. A rapariga fechou os olhos.
- Yoona! – Uma voz estridente soou ao mesmo tempo que a porta se abriu e as luzes do quarto se acenderam.
A rapariga parada à entrada recuou um passo quando viu alguém sobre a amiga. Mas quando piscou novamente já não estava lá ninguém.
- Yoona? – Chamou novamente.
A morena abriu os olhos e encarou a outra.
- Yoona, quem é que estava aqui contigo?
- Aqui? Ninguém… eu estou sozinha e estava a dormir.
- Mas…
- Aish! – A mais nova olhou ao relógio. – São duas da manhã! Vai mas é dormir! – Disse irritada enquanto se cobria na totalidade com o lençol.
Encostado ao lado de fora do vidro da janela, um gato preto observava o que se passava no interior do quarto.
***
- Tia! Tia, acorde, por favor! – Uma menina de cerca de 10 anos, ajoelhada em cima da cama, abanava a velha tia com força.
A senhora acordou sobressaltada.
- O que foi meu amor? – Perguntou à rapariga. – Tiveste um pesadelo?
- Não! É a minha irmã… Ela está a fazer coisas estranhas! – A menina tinha um ar assustado.
- Mas que coisas? – A senhora alarmou-se.
- Venha ver! – A criança puxou a velha pela mão até ao quarto que partilhava com a irmã mais velha.
A rapariga de 18 anos contorcia-se sobre o colchão. As mãos percorriam freneticamente o corpo quase desnudo. Alguns gemidos escapavam dos lábios entreabertos.
- Seohyun! Mas o que é que estás a fazer? – A velha perguntou chocada.
A rapariga continuou como se não tivesse ouvido nada. Levou as mãos ao peito, apertando ambos os seios enquanto mordia o lábio inferior e arqueava as costas.
A velha correu até ela e tentou demovê-la, mas sem sucesso. Nada impedia a jovem de continuar a tocar-se.
Dois pequenos apitos do relógio da mesa de cabeceira anunciaram as 2 horas da madrugada.
Subitamente a rapariga parou o que estava a fazer e sossegou. Não se mexeu mais.
- Tia… - A criança choramingou. – A unnie está a assustar-me.
- Vem, meu amor… - A mulher disse, afastando-se da sobrinha mais velha. – Vem dormir comigo hoje.
Após saírem do quarto, a mulher trancou a porta à chave.
Segunda noite. O som de três pancadas violentas na porta de madeira fez o casal acordar assustado. O homem olhou às horas. Eram precisamente 2 horas de uma madrugada fria de Outono.
Mais três pancadas violentas. A mulher estremeceu.
- Mas quem será que está à porta a esta hora? – O homem de meia idade perguntou-se.
- Será que é um ladrão? – A esposa agarrou com força o braço do marido.
- Não digas disparates mulher! Os ladrões batem à porta, por acaso? – O homem riu enquanto se levantava.
- Onde é que tu vais?
- Ver quem é. – Ele já se encontrava à porta do quarto.
- Não me deixes aqui sozinha. – A mulher levantou-se rapidamente, enfiou o robe e seguiu o marido.
Chegaram à porta. Já ninguém batia. Apenas se ouvia o som de algo ou alguém a arranhar a madeira.
- Quem está aí? – O homem perguntou.
- Deixem-me entrar! – Uma voz feminina do outro lado soou.
O coração da mulher disparou. Conhecia tão bem aquele timbre.
- Filhinha? – O homem perguntou enquanto destrancava a porta.
O casal ficou horrorizado quando, após a porta ser aberta, se depararam com a filha quase sem roupa, o cabelo despenteado, descalça, com as mãos feridas e as unhas sujas de sangue e lascas da maneira.
- Oh meu Deus Yoona! – A mulher gritou, tapando em seguida a boca, em choque.
- Mas o que foi que te aconteceu? – O homem correu para abraçar a rapariga. O seu corpo frágil estava gelado.
A rapariga murmurou qualquer coisa indecifrável e depois desmaiou.
***
Som de passos. Saltos altos a bater contra o soalho de madeira. Parecia que estava alguém a dançar.
A velha senhora olhou às horas. Os ponteiros marcavam quase as 2 horas da noite. A criança ao seu lado dormia profundamente descansada.
O ritmo dos passos aumentava. Parecia mesmo alguém a dançar. A mulher engoliu em seco e levantou-se, saindo do quarto.
Chegou ao corredor. O som parecia vir do quarto das sobrinhas onde, naquela noite, apenas Seohyun dormia.
Resolveu aproximar-se. A porta estava entreaberta e as luzes do quarto acesas. A velha senhora espreitou para o interior da divisão.
A bonita rapariga tinha um longo vestido vermelho sobre o corpo. Jóias valiosas enfeitavam-lhe as orelhas, o pescoço e os pulsos.
Movia-se delicada e graciosamente pelo quarto, embalada por uma melodia que apenas ela parecia ouvir.
- Seohyun… - A senhora manifestou-se. – Pára com isso por favor, estás a assustar-me! – Pediu já com lágrimas nos olhos.
A rapariga continuou a dançar como se não tivesse ouvido nada. E o mais estranho é que agia como se estivesse acompanhada por um par.
- Oh meu Deus! O que é que se passa com a minha menina?
Ao longe, as badaladas do sino da igreja soaram anunciando as duas horas da manhã.
Seohyun caiu no chão, desmaiada.
A velha entrou no quarto, ajoelhando-se ao lado da rapariga. Começou a chorar.
Terceira noite. A estada estava deserta e escura. Apenas as luzes dos faróis do carro cinzento penetravam a escuridão.
O rapaz retirou a mão direita do volante e colocou-a sobre a perna da rapariga que ia ao seu lado. Ela sorriu.
Aproximou-se mais dele, esticando-se para conseguir chegar ao pescoço. Pousou os seus lábios na pele quente.
- Aish! Assim desconcentras-me! – Ele queixou-se, desfrutando da sensação.
Sunny afastou-se, sorrindo maliciosamente.
O rapaz não resistiu. Desviou a atenção da estada por momentos, ao mesmo tempo que acariciava a bochecha dela.
- Cuidado! – O grito da rapariga ecoou pelo carro e ele só teve tempo de colocar o pé no travão a fundo.
O carro deslizou mais alguns metros até parar rente a uma velha senhora que atravessava a estrada.
Com o coração aos pulos no peito, o jovem casal saiu do automóvel para prestar auxilio à senhora.
- A senhora está bem? – A rapariga perguntou ao chegar perto dela.
- Magoou-se?
- Oh meus filhos… - Ela começou com a voz fraca. – Vocês pregaram-me cá um susto! – Levou a mão ao peito.
- Desculpe. – O rapaz pediu. – Eu não a vi…
- Tudo bem meu jovem… Eu estou bem.
- O que é que a senhora faz a uma hora destas por aqui? – Sunny perguntou.
- Estava a voltar da casa da minha neta…
- Quer boleia para casa? – O rapaz de cabelos pretos ofereceu.
- Oh, mas vocês são muito simpáticos… E muito bem parecidos também. A menina é tão bonita!
- Obrigada… - A jovem sorriu meio envergonhada.
- Eu não quero boleia, obrigada. Mas quero outra coisa…
- No que pudermos ajudar…
- A menina… - A velha começou, desviando o olhar para a morena. – Pode ajudar-me ao dar-me a sua beleza e juventude novamente!
- C-como? – Os dois perguntaram ao mesmo tempo.
A velha esticou o braço e abriu a palma da mão na direcção de Wooyoung que foi imediatamente atirado contra o capô do carro. Aproximou-se da rapariga, paralisando-a. Arrancou-lhe a blusa. Com a sua unha comprida, arranhou a pele delicada, abrindo logo uma fenda de onde jorrou um líquido vermelho vivo.
Wooyoung assistiu à cena horrorizado. Mas por mais que quisesse socorrer a namorada, o seu corpo não lhe obedecia.
A velha enfiou a mão no peito da rapariga.
- É o teu coraçãozinho que me vai devolver a beleza e jovialidade!
Quando retirou a mão da caixa torácica trazia o órgão entre os dedos. Sorriu.
- SUNNY!!! – Wooyoung gritou o mais alto que conseguiu. As lágrimas corriam pela sua face delicada. Não podia acreditar no que os seus olhos viam.
A sua doce namorada caiu no chão, inanimada, enquanto a velha levava o coração à boca e o mordia.
Quando terminou a sua “refeição” algo de estanho começou a acontecer com velha. Uma nuvem de fumo surgiu à sua volta e quando se desvaneceu, uma bela jovem tomou o lugar da idosa.
- Ahh… - Ela suspirou. – Como é bom voltar a ter 20 anos. – Disse, começando a tactear o seu corpo.
Aproximou-se de Wooyoung.
- E tu… - Deslizou o dedo indicador pelo peito do rapaz. – Vais ajudar-me a sentir-me desejada novamente. E sei de uma pessoa que também vai adorar conhecer-te!
Ela estalou os dedos e o moreno perdeu a noção de tudo à sua volta.
***
- Aish! Mas que porcaria! – A rapariga reclamava enquanto andava apressadamente pelas ruas desertas e escuras àquela hora tardia. – Não percebo a implicância dos meus pais! Porque é que não pude ficar a dormir na casa da Hyomin? Se calhar acham melhor eu andar na rua de noite! – Bufou.
- Menina, sabe-me dizer onde fica a igreja? – Subitamente uma senhora encurvada perguntou-lhe.
- Ah! – Gritou com o susto. – Hum… no fundo daquela rua. – Apontou.
- Obrigada. Mas… o que é que uma menina faz sozinha na rua a uma hora destas? – A senhora perguntou.
- Vou para casa…
- Não tem medo de andar por aí a esta hora?
- Eu? Eu não tenho medo de nada! – A rapariga disse, fazendo um ar importante.
- Mas devia ter! – A senhora endireitou-se.
Num gesto rápido, empurrou a rapariga contra um muro e arrancou-lhe a blusa. A sua unha afiada traçou um trilho pelo peito, permitindo assim que a mão entrasse pela fenda.
Arrancou-lhe o coração que ainda batia quando a velha o levou à boca.
- Que este órgão vital me devolva a juventude e beleza!
Fumo começou a surgir à sua volta. 80 anos desapareceram do corpo da mulher, que se transformou numa bela rapariga de 20 anos novamente.
- Fanny? – Ouviu o seu nome ser chamado. Olhou para cima.
- Yuri? És tu?
- Eu mesma… em juventude e beleza. – Confirmou a de cabelos ondulados. – E tu Tiffany… estás um arraso! – Elogiou, piscando o olho à outra.
- Não há como eles nos rejeitarem desta vez!
- Estúpidos! Esta aliança só tem vantagens para ambos os lados! Se nós acasalarmos vão nascer as criaturas mais poderosas da face desta Terra!
- Eu estou confiante. Eles não vão resistir a estes corpos, à nossa sedução. – Tiffany ajeitou o cabelo sedoso.
- Falando nisso, olha o que eu arranjei para nos divertirmos esta noite. – A mais nova estalou os dedos e a imagem de Wooyoung, o jovem que tinha atacado há pouco surgiu. – Já o levei para o nosso ninho.
- Hum… - Tiffany mordeu o lábio inferior. – Não o façamos esperar então.
Num piscar, as duas desapareceram. Apenas o corpo da jovem sem coração ficou como recordação do que ali se passara.
(continua...)